terça-feira, 5 de junho de 2012

Uma Evangelista - Ir. Nilza



Jamais! Para pessoas como esta senhora, nunca deveria chegar esse tempo, elas deveriam ser eternas aqui na terra. Essa senhorinha que partiu e me deixou tão abalada é (ou era... é estranho falar dela no passado) Maria Nilza de Sousa, irmã Nilza para os íntimos, ou seja, para qualquer um, pois ela tratava com o mesmo amor todos que entrassem em sua vida. E eu fui uma das presenteadas com essa honra de ser sua netinha por adoção. E, de fato, irmã Nilza foi para mim como a avó que eu, na prática, nunca tive. Aqueles abraços gostosos e apertados na avozinha tão fofa. Seus sábios conselhos e as advertências, às vezes ruborizantes, mas sempre pertinentes. O cuidado, a preocupação, a persistência, até mesmo ao tentar me arranjar um namorado, sempre sugerindo pretendentes e dizendo: “Estou orando por vocês!”

Essa era Irmã Nilza, uma mulher de fé e oração. E como orava! Reza a lenda que a irmã Nilza tinha um caderninho no qual anotava o nome de todos da igreja, até mesmo aqueles que já saíram e os que mal chegaram. E como se isso não já fosse uma tarefa quase impossível, ela ainda separava um tempo no seu dia pra orar nominalmente por cada cristão! Ó, quanto me constranjo ao ver esse exemplo tão belo da irmã Nilza! Agora estou aqui parando pra pensar e tentar lembrar quantas vezes já orei pela irmã Nilza e a resposta é sincera, mas de cortar o coração: nenhuma! 

E, não por um acaso do destino, mas Deus quis que fosse assim, falece a fervorosa irmã exatamente numa quarta-feira, 30 de maio de 2012, no caminho para o culto de oração, com certeza seu culto favorito. Morreu em combate. E se a oração era o seu forte, não lhe bastava o culto da quarta-feira, ela sempre marcava também nas terças-feiras às 3h da tarde (o horário mais temido pelos crentes) uma reunião extra de oração com as senhoras da igreja. Felizmente, agora nossas orações não são necessárias, pois ela não precisa mais, está agora frente a frente com o Senhor para o qual tanto orava. 

Mas nem só de oração vivia a irmã Nilza. Ela falava e fazia. Claro que ela não tinha nenhuma obrigação, fazia porque gostava. A idade avançada, a saúde debilitada, o corpo enfraquecido poderiam ter sido usados como desculpas, muito bem justificadas, por sinal, para não trabalhar na obra do Senhor. Mas para ela, jamais! Ó, como tenho a aprender com irmã Nilza, que era forte na fraqueza! Toda semana lá estava ela, no hospital. Algumas vezes, internada, mas logo que recebia alta, voltava correndo pra ajudar no Pão da Vida, distribuindo café da manhã de graça aos pacientes, e dando-lhes uma graciosa palavra de conforto e incentivo. E em qualquer ministério que pudesse ela se engajava, do evangelismo ao coral. Para que a obra não parasse, ela também não ficava parada. 

Simpática como só ela, cumprimentava e lembrava o nome de todos, do bebê recém nascido ao irmão mais antigo, todos eram igualmente especiais para ela. Também ficava com raiva e se indignava, consumida pelo zelo santo ao ver a obra de Deus ser tratada com displicência, preguiça e injustiça. Algumas cenas que me marcaram e me fizeram refletir: 

* Irmã Nilza caminhando vagarosamente, saindo do bairro perigosíssimo onde morava, com uma sombrinha na mão debaixo do sol quente, rumo a EBD. E ainda ia pelo caminho falando de Jesus a todos que encontrasse. Agora me diga, quem sou eu pra reclamar que não tenho transporte para ir a igreja ou que estou cansado pra ir ao evangelismo? 

* Irmã Nilza com o braço imobilizado, consequência da artrite, mas carregando numa mão só dois copos plásticos com café e leite bem quente pra dar a alguém com fome. E mesmo estando frequentemente no médico para tratar de problemas de saúde, jamais abriu a boca para reclamar de nada. Então quem sou eu pra não fazer a obra de Deus por causa de uma dorzinha? 

* Irmã Nilza me dando entrevista há duas semanas para um trabalho da faculdade, falando sobre o projeto Pão da Vida. Parece, sei lá, que eu estava adivinhando que muito em breve não teria mais esse prazer de escutá-la pessoalmente. Agradeço a Deus por ter me permitido ficar com essa pequena lembrança da sua doce voz gravada em áudio e no meu coração. Aquelas palavras de amor ao próximo e a Deus eu guardarei e mostrarei, com certeza, aos outros que grande exemplo ela foi, e também tentarei um dia ser pelo menos um pouquinho parecida com a vó Nilza. 

A notícia que doeu tanto em mim e em todos danossa igreja, da partida dessa serva boa e fiel, só deve ser olhada com alegria e incentivo, para que nós, que conhecemos essa mulher tão maravilhosa, sejamos cristãos e seres humanos melhores a partir de hoje. No momento, parece que nada disso faz sentido, então deixemos que as lágrimas escorram pelo nosso rosto. Mas um dia olharemos para esse acontecimento sem mais tristeza e saudade, pois só nos atrasamos um pouco, mas ainda haveremos de partir na mesma viagem que nos levará ao destino que irmã Nilza está tendo o prazer de conhecer primeiro: o céu. 
Te amamos, vó Nilza!! 


No consolo de Cristo, 
Débora Silva Costa


P.S.: Uma curiosidade: andei pesquisando o significado do nome "Nilza": Trabalhadora incansável, muito dinâmica, inteligente e criativa, possui muita disciplina e está sempre disposta a colaborar sem outra intenção que não seja a de ajudar os outros. Consegue executar quaisquer tarefas cansativas e monótonas, daquelas que a maioria das pessoas costumam recusar. Glória a Deus, essa mulher era dedicada até no nome!

Nenhum comentário:

Postar um comentário